quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Estado e as empresas privadas no Brasil


Todas as áreas consideradas estratégicas para a economia no Brasil estiveram, sem restrições, à disposição de investimentos privados. As empresas privadas podiam atuar com toda a liberdade para desenvolver setores como energia elétrica, telefonia, minérios e pesquisa e produção de petróleo. E quais foram os resultados? Na área de hidroelétrica, no início dos anos 1960, o país estava à beira do caos, em termos de fornecimento de energia elétrica, ameaçando a atividade industrial. Não fosse a iniciativa da Eletrobrás, estatal criada em 1962, que logo a construção da Usina de Furnas (MG), teria ocorrido verdadeiro colapso na economia da região Sudeste, com consequências para todo o país.
Com a Eletrobrás, o Brasil se tornou um dos maiores produtores de energia elétrica do mundo.
Quanto à telefonia, empresas privadas espalhadas por todo o país pouco investiram. O serviço de telefone funcionava precariamente. A presença do Estado foi a saída para o problema. Em 1972 foi criada a Telebrás, que já na primeira década de sua existência, saiu de 1,4 milhão de linhas telefônicas para quase 6 milhões. Em 1998, quando foi privatizada , abrangia um total de 18,2 milhões de terminais fixos e 4,6 milhões de celulares.
E a Vale do Rio Doce? Antes dela, a produção mineral era precária. Basicamente, estava nas mãos da Itabira Iron, de propriedade do americano Percival Farquha, sempre envolvida com corrupção e cheia de privilégios dados por governantes. O que esta empresa queria era se apoderar de amplos territórios repletos de reservas minerais, explorando-as segundo seus critérios particulares. Por isso, para que o país pudesse contar com matéria prima para o seu desenvolvimento industrial, em 1942, Getúlio cria a estatal Vale do Rio Doce, que se tornaria a segunda maior mineradora do mundo, a primeira em minério de ferro, levando sua exportação ao auge quando a demanda de produto minerais cresceu no Japão e outros países.
Enfim, sem a criação dessas empresas e outras como Usiminas, Cosipa, e CSN, todas de iniciativa do Estado, o Brasil não chegaria à condição de 10ª economia do mundo já no início dos anos 1990. Se o capital privado não teve interesse em fazer investimentos nessas áreas, deixando praticamente paralisadas, por que passou a se interessar pela posse delas muito tempo depois da sua existência? A resposta é simples: é que tais estatais se tornaram gigantes e muito lucrativas, prontas para quem quisesse tirar proveitos de uma situação em que os interessados não teriam de gastar praticamente nada para se encherem de lucros.
Graças a governantes lesa-pátrias, o Estado brasileiro foi levado a construir patrimônios enormes para que grupos econômicos aumentassem suas fortunas às custas do nosso país. E como faz qualquer vende-pátria, os entreguistas, a serviço de seus senhores do capital, atacavam a imagem dessas estatais para facilitar a sua privatização por valores baixíssimos, com moedas podres, com subavaliação, ganhando com isso elogio de governos de impérios, como EUA e outros.
Dispensa comentário, por exemplo, a verdadeira doação da Vale do Rio Doce, por um preço simbólico de 3 bilhões de reais, quando só o minério de ferro com que conta esta empresa tem a duração calculada em mais de 200 anos. O que tem causado uma infinidade de ações para anular este crime entreguista.

Um comentário:

 
tag.